O que podemos aprender com a “guerra dos streamings”

Segundo um levantamento realizado por analistas da empresa Bernstein, o Brasil conta com mais assinantes da Netflix do que residências com TV por assinatura.

O que podemos aprender com a “guerra dos streamings”

Segundo um levantamento realizado por analistas da empresa Bernstein, o Brasil conta com mais assinantes da Netflix do que residências com TV por assinatura.

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Camila Farani

30 de julho • 10 min

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Camila Farani

30 de julho • 10 min

Você sabia que uma inovação disruptiva pode reestruturar completamente um segmento? Você se lembra da última vez que usou o aparelho de DVD ou que assistiu um filme na TV aberta ou fechada? Incrível, mas as plataformas de streaming estão cada dia mais onipresentes no nosso cotidiano e estão mudando a forma de distribuição e consumo do conteúdo digital. Um grandioso mercado se abre. Consequentemente, os gigantes da tecnologia estão seguindo a tendência e entrando forte nesse novo nicho de cifras escaláveis.

A maior plataforma de streaming no mundo é a Netflix, que alcança 139 milhões de assinantes em 190 países. A empresa investiu US$ 12 bilhões em conteúdo no ano passado, 35% a mais do que em 2017, e já anunciou 250 novos produtos originais nos próximos anos. A previsão é que a empresa chegue a 201 milhões de assinantes, em 2023, segundo a Digital TV Research. O resultado desse investimento: 2019 foi a primeira vez que uma produção para streaming ganhou um Oscar, na verdade, foram quatro estatuetas. Algo realmente mudou.

A Amazon também embarcou forte nesse mercado e estimativas da Consumer Intelligence Research Partners (CIRP) mostram que ela já atingiu a casa dos 100 milhões de assinantes só nos Estados Unidos, onde o serviço inclui também descontos na entrega de produtos, por exemplo.

Estou falando de um mercado em alta. Segundo levantamento da FX Research, desde 2014, o número de séries roteirizadas nos serviços de streaming cresceram 385%. Em 2018, eram 160 séries no ar, o que representa 32% do total produzido no mundo. Enquanto isso, os canais abertos ficaram com 30% da produção. Em 2018, o Ibope Conecta e Omelete Group apontaram que 76% das pessoas escolhem o streaming pelo preço e que o consumo de TV por assinatura diminuiu de 73% em 2014 para 68% em 2017.

Segundo o App Annie, companhia de análise do mercado mobile, o Brasil já é o sexto país que mais gasta tempo em plataformas desse setor. A partir de 2017, quando a Netflix e outras plataformas começaram a se popularizar por aqui, a pesquisa registrou uma alta de 90% no tempo de consumo, principalmente por causa de dispositivos móveis. Entre 2016 e 2018, o aumento foi de 130%. E isso inclui o próprio YouTube, que aparece como preferido dos brasileiros. O Brasil já é o terceiro maior mercado da Netflix, com 8 milhões de assinantes, atrás de Estados Unidos e Reino Unido, de acordo com estimativas da consultoria Futuresource. A projeção é que o país passe para a segunda posição em 2022.

E isso é só o começo. Com a chegada de mais gigantes de peso, com o Disney+, o Apple TV+ e a HBO Max, da Warner Media, a disputa vai ficar mais quente. Já em novembro, a Disney lançará seu serviço nos Estados Unidos com a estratégia de lançar todos os live actions (filmes baseados nos desenhos clássicos) somente na plataforma streaming. Ou seja, o foco da empresa está na exclusividade de todo o conteúdo. Além disso, o Disney+ custará US$ 7, com transmissão de vídeo em 4K incluída, enquanto a Netflix só disponibiliza 4K no pacote mais caro.

Já para a “maçã”, com a queda substancial na venda de seus iPhones pelo mundo e o foco maior em serviços, as apostas recaem principalmente no Apple+. O diferencial é oferecer conteúdo original e sem anúncios através de uma assinatura mensal. O ponto negativo é que o serviço não terá um catálogo tão competitivo em conteúdo. Por outro lado, o acesso será facilitado. Quem possui um iPhone ou iPad poderá baixar o app facilmente e a outra vantagem é que usuários poderão ter uma TV por assinatura personalizada, com todo o conteúdo dos canais escolhidos disponível online ou offline. A data de lançamento ainda não foi divulgada, mas tudo indica que será em breve.

E você acha que isso se resume ao mercado americano? Pois a China está muito interessada em ter uma fatia grande. O país já possui diversas startups de streaming e cada dia aparece mais uma. De acordo com a Bloomberg, os players líderes por lá são o Huya e Douyu. A diferença é que na China esse mercado é impulsionado pela tendência dos games, investidas pela gigante Tencent. Nessa corrida, a Huya é líder e ultrapassou os 100 milhões de usuários ativos mensais. Número muito considerável.

A verdade é que nem a TV e nem o cinema irão acabar. Mas o fato é que essas grandes indústrias terão que se transformar para sobreviver, assim como a Kodak teve que se reposicionar com a chegada da foto digital, e tantas outras inovações disruptivas que mudaram a forma de consumo da sociedade. O fato é que estamos vivenciando um marco na mídia: a praticidade de ver conteúdo digital, direto da internet, em tempo real e em qualquer lugar, é o grande diferencial competitivo dos serviços de streaming. Grandes inovações transformam velhas formas de pensar, em novas formas de fazer.

Os dados apresentados acima são da Just Watch, além da Netflix ganhar essa corrida, a marca é uma das mais querida pelos brasileiros de acordo com um estudo publicado pela Visual Capitalist.

O que essa guerra nos ensina é que mesmo que exista uma empresa forte, há espaço para todos. Concorrência não significa algo ruim, mas sim a validação do mercado. E para isso, você, líder ou gestor(a), precisa saber nadar com ao lado de grandes tubarões, sempre se adaptando para conquistar a sua fatia do mercado.

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